Alma de Galpón

Andressa Luçardo Bueno

sábado, 7 de julho de 2012

Nos Interiores


Noite de julho fria e chuvosa na 1ª Capital, muy leal e patriótica Piratini. Frio, fogo e vinho... Redescubro a cada gole o perfeito “casamento” desses três elementos; parece que foram criados para serem unidos, e quem sabe, com o provável intuito de tornar mais agradável as nostálgicas noites frias nos interiores do sul brasileiro, frios interiores que aos silêncios das horas, a beira de um fogo qualquer, nossos mais profundos e intensos sentimentos deságuam da casa grande do coração, ganhando forma e vida no pensamento e lejos se vão.
Ah estes pensamentos... Às vezes frios como as noites, outras tantas ardentes e calientes como o fogo, por outras um fermentado do todo, a muito guardado agradável como o vinho, fazendo com que valham a pena serem pensados.
O frio no sul do meu país pode até arrepiar a alma dos homens que encilham mais cedo- como já li um desses dias por aí- e por saber bem, digo-lhes companheiros, talvez seja pior, para estes, que assim como eu, andam por aí, ao acaso... "Pero, és mas florido todo el camiño que hay viño" isso a vida ensinou-me e  "nunca olvidaré", pois há coisas que merecem ser esquecidas e a alma insiste em trazer a tona, então devemos tornar sim o bom do vinho inesquecível.
Deixar que esses pensamentos nos conduzam ao imaginário talvez nunca alcançado- é bom, é ruim?
Não cabe a mim a resposta. Pela razão é inaceitável, pela emoção inevitável, incontrolável... 
Muito bom, eu diria- agradabilíssimo- imaginar abrigo, no calor dos teus braços, no rigoroso frio no sul do meu país.





Lua cheia, julho de 2012.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Fragmentos


Há nas mais discretas, delicadas e pequenas coisas do nosso dia a melhor matéria que necessitamos para formarmo-nos, são nas nossas minúcias que estão minuciosamente escondidos aquele melhor sorriso, a melhor lembrança,  'a mais louca alegria, que é quase agonia, quase profissão**.
Até a ciência nos diz que somos formados através de micro partículas, somos uma junção de pequenas coisas e na vida é assim também, são essas micro coisas que ao longo do tempo vamos adquirindo que nos permitem crescer, fortalecer,moldar-se e amadurecer para que com esse amadurecimento possamos melhor viver. Necessitamos sazonar!
São as simples coisas que mais nos cativam, nos prendem.... A sensação boa ao ouvir aquela música que gostamos, ao  estar com quem amamos, o encontro inesperado de alguém que idolatramos, ao ler algo com o qual nos indentificamos, 'tanta coisa aqui se passa, uma conversa parcera, uma costura bem feita ponteando uma corda chata, um truco bem orelhado pra os ressábios de um "embido" e a bendição da cachaça na volta de algum bolicho**, enfim, nas pequenas frações estão as maiores de nossas emoções!  
Tudo é tão pequeno, somos tão pequenos... 
Tratamos, muitas vezes, com grandeza coisas que não nos levam a nada e acabamos esquecendo que nossa essência vem do simples, do mínimo, das coisas que estão ao nosso alcance, com essas coisas conseguimos ser felizes de verdade... Pra que viver da aparência, da grande aparência se tudo que somos, temos, precisamos, e realmente nos interessamos não passam de pequenos fragmentos encontrados no nosso interior.
Somos simplesmente, nada mais, nada menos, do que uma junção destes pequenos, importantes e simples fragmentos.
                               

               
(**) Fragmentos de composições que são do meu agrado- Alma; Sueli Costa e Abel Silva/ Entre o galpão e a Mangueira; Xirú Antunes