Alma de Galpón

Andressa Luçardo Bueno

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Cozas Simples no Más


Trago corcoveando no peito uma insistência de mudar o que vivo, não reclamo da minha condição, mas confesso que poderia ser melhor com bem menos... O que chamo de melhor não ter algo a mais de material, vendável ou talvez sim hoje em dia; talvez já tenha se tornado isso.
O que digo é que como me agradaria toda manhã despertar escutando as calhandras, os quero-queros, ouvir o canto das seriemas ecoando na sanga, pro desayuno sevar um mate na beira do fogão a lenha mirando a quinta do oitão das casas e lá enxergar os periquitos furando os frutos para extrair dos mesmos o que há de melhor, avistar de longe a minha parceira cabu’s negros ir ao paiol e encher o embornal de milho para assim chamá-la pra mais um dia de lida, ter sempre no costado uns dois ou três ovelheiros mais que parceiros e buenos pra tirar aquela zebua do mato e trazer as vacas leiteiras pra mangueira no fim da tarde.
Depois de encilhar, dar uma recorrida nas pequenas 20 e poucas hectares que poderia chamar de minhas e/ou ajudar o vizinho capataz da fazenda grande lindeira a recorrer o potreiro dos fundos, volta e meia juntar as ovelhas que se tem pra consumo pra curar alguma bicheira, e separar um capão dos gordos pra sangra no fim de semana, ficar mais que faceira ao ser convidada pra meter uns pialo de toda trança na próxima marcação.
Pois bueno, o que mais vemos é pessoas que nasceram e se criaram deste modo vindo morrer em quartos pobres de vilas, eu, que nasci na vila tentarei começar do fim, estudando e sucessivamente trabalhando muito, para que por fim, como sempre foi do meu agrado, na tardezinha enquanto eu atiçar meus fiéis parceiros pra trazerem as vacas pra mangueira, ficar escutando o ronco simples de um mate na sombra grande de um paraíso ao lado daquele que assim como eu, um dia pensou neste futuro e que o destino fará questão de nos unir.
Espero que o Patrão lá de cima não ache muito este meu pedido e um dia me consceda este luxo de ser simples.


Uns dedos de prosa antes que o tempo nos vença é sempre bom

Certa noite depois de uns dedos de prosa mais do que úteis e necessários com a pessoa mais importante que já cruzou a cancela do parapeito de mi corazón, encontro-me de novo de papel e lápis na mão rabiscando meus pensamentos.
Ouvi coisas que nunca imaginei um dia ouvir, coisas estas, que não me ofenderam de maneira alguma, bem pelo contrário, serviu de conforto, acalanto e acima de tudo serviu-me de conselho; palavras estas que ficarão marcadas na minha paleta a ferro e fogo eternamente. Quando comecei a ouvir coisas que imaginava só eu saber sobre mim, descobri ali que sou muito mais transparente do que pensava ser, que a pessoa que falava além de ser mais do que especial pra mim, me conhecia como ninguém.
Nesta conversa escutei que de pouco adianta eu ir tentando encontrar um alguém pra substituir outro alguém, porque os seres e algumas coisas são insubstituíveis, isto, eu já sabia é claro, mas estava precisando ouvir com atenção e com respeito por quem falava pra conscientizar-me.
Para resumir-lhes, ouvi coisas agradáveis, desagradáveis também, mas indiscutivelmente NECESSÁRIAS... Tudo isso, abriu meus olhos, e me acordou de um sonho que pouco mais adiante iria tornar-se pesadelo e me mostrou que existem coisas maravilhosas na minha vida, que não são importantes somente a mim. E o melhor de tudo, posso executá-las sem prejudicar ninguém e principalmente sem ME prejudicar!
Quando estávamos no fim da tal prosa, escutei assim...
“Olha, Andressa, talvez de pouco vá adiantar eu estar aqui lhe despejando este “balaio de bobagens”, pois tu és uma pessoa que não dá muita importância pra opinião dos outros, age pelo que teu coração acha melhor, e quando não gosta sai e rebenta a corda do bucal, deita o palanque... Não tem doma que chegue a tempo...”
Na hora me calei consentindo com tudo que havia escutado... E agora lhes digo: Esta foi a melhor conversa que tive na minha vida... Agradeço muito a esta pessoa por tudo que me foi dito, e espero ao longo do tempo escutar ainda mais.
Gracias Meu Deus por ter pessoas como essa pra me fazerem costado.

“Bonito não é aquilo que chega transcendendo por possuir belas formas e cores vibrantes. Isso até pode chamar atenção, mas o realmente belo, encantador, que cativa e permanece é aquela beleza rara embora tão pura que por vezes campeamos léguas e léguas e outras vezes basta alguns passitos para encontrarmos logo ali, estiradas nas sombras grandes da mente e do coração. Bonito é o que vem da mente e da alma e o que o coração senti de verdade, isso que é lindo...”